Esta significativa expressão reflectia o forte sentimento e a emoção de Marco, enquanto contemplava a paisagem através da janela de um avião que descolava de Roma. Ele dava detida atenção a tudo o que podia observar, com ar apreciativo e feliz. Porém, por momentos parecia comovido, dando a impressão de meditar em algo profundo.

Quando uma hospedeira notou os olhos dele a humedecerem, perguntou-lhe se poderia ser-lhe útil. Ele, sorrindo, agradeceu e disse-lhe que não estava precisando de nada, pois se sentia bem. No entanto, notou que ela continuava observando-o preocupada e, então, passou a dizer: Não se preocupe, estou simplesmente meditando numa realidade que por muito tempo me passou despercebida. Pouco depois, com um sorriso nos lábios, murmurou: É maravilhoso: Nuvens defronte... Esplendor no horizonte.

A hospedeira, percebendo que não se tratava de uma simples frase rimada lançada ao ar, tentou perceber o que ele queria dizer, sem ousar questioná-lo. Porém, pouco antes da aterragem em Genebra, ela passa a dizer-lhe:

- Senhor Alves, se me permite, desejo fazer-lhe uma pergunta particular.

- Sinta-se à vontade. Que deseja saber?

- Tenho vindo a meditar naquela bonita frase que pronunciou, quando falou de esplendor no horizonte. Creio que há algo profundo envolvido nela; será que posso saber mais?

- Claro que pode. Mas, como discerniu que há algo profundo envolvido?

- Ora, de outro modo, como poderia alguém numa situação como a que o senhor se encontra, pronunciar uma frase assim, com uma atitude que irradia optimismo e esperança? Aliás, eu fiquei intrigada também com outras frases suas, e maravilhada com o seu comportamento incomum. Quando penso que estou a ser paga para o acompanhar...