A mulher disse-lhe: “Os dois filhos mais velhos já pagam um bilhete de adulto. Portanto esse dinheiro não é suficiente.” O semblante do homem logo decaiu enquanto reabria e remexia a carteira como se um milagre pudesse acontecer… Foi nesse momento que Jorge muito discretamente abriu a sua carteira, tirou dinheiro suficiente para os bilhetes e alguma doçaria para aquelas crianças e baixou-se como se estivesse apanhando algo do chão. Depois bateu no ombro do homem e disse: “Não notou que isto caiu da sua carteira?” 

Jorge ficou sem saber se as lágrimas que viu nos olhos daquele homem eram de tristeza, alegria ou emoção, quando este apertou a mão dele dizendo: “Obrigado. Que Deus o abençoe”. Ele também ficou sem saber que Helena verteu lágrimas de alegria ao ver este gesto tão generoso. Ela disse então para consigo: Como pude imaginar que um homem que já em criança fez coisas tão nobres e agora acaba de fazer um gesto que não deixa dúvidas quanto à nobreza do seu coração pudesse ter feito algo tão horrível como cheguei a imaginar? Assim, embora algumas coisas ainda continuassem a preocupá-la, foi com um entusiasmo talvez ainda maior do que o da sua irmã que finalmente assistiu àquele espetáculo.